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Mecanismo de ação

O iodo é essencial na síntese de hormonas da tiroide. Essa síntese processa-se em varias etapas.

  • Captação iodeto: No epitélio gastrointestinal o iodo ingerido é transformado em iodeto e é absorvido. O transporte do iodeto para dentro das células foliculares é feito pelo co-transportador simporter de Na+/I-.  presente na membrana basolateral da célula folicular.

  • Síntese e secreção de tireoglobulina: A síntese proteica dá-se no reticulo endoplasmático rugoso. O hidrato de carbono é adicionado à proteína no interior das cisternas do retículo endoplasmático e no complexo de Golgi e o produto final, a tireoglobulina, é libertada das vesículas para o lúmen do folículo.

  • Oxidação do iodeto: No interior do coloide, a peroxidase da tiroide ou tiroperoxidase utiliza o peróxido de hidrogénio produzido nas células da tiroide para oxidar o iodeto que depois é transportado para a cavidade do folículo por um transportador de aniões chamado de pendrina.

  • Organificação da tiroglobulina: corresponde à iodação dos resíduos de tirosina presentes na molécula de tiroglobulina pela tiroperoxidase no coloide. A iodação ocorre primeiramente na posição 3 para formar monoiodotirosina (MIT) e depois na posição 5 para formar diioditrosina (DIT). Dá-se então a Formação de T3 e T4 . Uma molécula de DIT e uma molécula de MIT ligam-se para formar a T3 e duas moléculas de DIT ligam-se para formar T4, sendo este processo catalisado pela tiroperoxidase. As hormonas são armazenadas no coloide e a quantidade armazenada é suficiente para suprir o organismo por cerca de três meses.

  • Libertação de T3 e T4: Quando estimuladas pela TSH as células foliculares da tiroide captam coloide, contendo tiroglobulina,  por meio de endocitose. O coloide é então digerido por enzimas lisossómicas. As proteases ajudam a digerir a molécula de tiroglobulina libertando T4, T3, DIT e MIT no citoplasma. Enquanto T4 e T3 difundem através da superfície basal para a corrente sanguínea, o MIT e o DIT são rapidamente desiodinados pela enzima deiodinase. Este mecanismo ajuda a recuperar iodeto e tiroglobulina que são de novo utilizados pelas células foliculares.[1]

 

Regulação da tiroide

A regulação do estado estrutural e funcional da glândula tiroide é feita pela hormona TSH secretada pela hipófise através de um mecanismo de feedback negativo que permite a manutenção de um nível normal de hormonas tiróideas no sangue.[1]

Na corrente sanguínea, As hormonas T3 e T4 podem circular livremente ou ligadas sendo apenas menos de 1% cicula na forma livre. Só as hormonas não ligadas é que são biologicamente ativas. 

A globulina de ligação à tiroxina (TBG), a  pré-albumina ligada à tiroxina (TBPA) e a albumina de ligação à tiroxina (TBA) são proteínas de ligação às hormonas tiroideias.[1]

 A hormona T4 existe em maior concentração, mas a T3 é a mais ativa, sendo que cerca de 80% do T3 circulante, resulta da  desiodação periférica de T4.[1]

O iodo na glândula mamária 

 O iodo armazenado na glândula mamaria é importante para o desenvolvimento fetal e neonatal, apresentando também   função antioxidante pois na presença do agente oxidante, peróxido de hidrogénio, e da peroxidase, o iodeto atua como dador de eletrões reduzindo assim o dano causado pelos radicais livres de oxigénio. De facto, glândulas mamárias com armazenamento inadequado de iodo acumulam elevados níveis de malondialdeido (produto resultante da peroxidação lipídica) que lhes causa dano.[1]

Mecanismos de manutenção dos níveis de iodo[2] 

[1] Ahad, F., & Ganie, S. A. (2010). Iodine, Iodine metabolism and Iodine deficiency disorders revisited. Indian journal of endocrinology and metabolism, 14(1), 13.

[2] Bürgi, H. (2010). Iodine excess. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism, 24(1), 107-115.

Existem mecanismos de manutenção da secreção hormonal da tiróide, mesmo quando as quantidades de iodo excedem as necessidades fisiológicas:

 

Efeito de Wolff-Chaikoff:

           

             Efeito autorregulatório que inibe a organificação da tiróide, a formação e a libertação das hormonas tiróideias. Perante um excesso de iodo ( ≥10-3 M ), este é o mecanismo de manutenção utilizado.

 

Simporte de sódio e iodo

            Controla um passo essencial da síntese de hormonas tiróideias, atuando na transferência do iodo extracelular para o espaço intracelular.

 

Bloqueio da secreção hormonal a partir de armazéns colóides

            O excesso de iodo reduz a tiroxina sérica, o que sugere o bloqueio da sua síntese, como também da secreção de hormona pré-formada. Em glândulas estimuladas, este efeito é pronunciado e prolongado, explicando a ação rápida de altas doses de iodo na Doença de Graves. Este bloqueio secretor pode operar através da adenilato ciclase.

 

Redistribuição do iodo inorgânico

            Perante um excesso de iodo, a diiodotirosina (DIT) está em maior quantidade que a monoiodotirosina (MIT), favorecendo a biossíntese de T4, que é menos ativa que a T3. Assim, apesar da quantidade de iodo absorvida pela tiroide, é mantido um estado eutireóideo.

 

Secreção de iodo não hormonal

            MIT, DIT, T3 e T4 estão todos ligados à tireoglobulina, que é armazenada na forma de colóide nos folículos. Para a secreção de T3 ou T4, a tireoglobulina é hidrolisada para os seus aminoácidos constituintes. O MIT e o DIT também são libertados como subprodutos não hormonais, e o seu iodo pode ser secretado em forma de iodeto. Desta forma, o excesso de iodo é retirado da glândula tiroide.

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